sábado, 22 de março de 2008

enFOrME

É massacrador e atordoante pensar que nos tempos atuais, ainda existem pessoas passando fome e frio. Não precisamos ir longe, enquanto brasileiros se preocupam ferozmente com a causa da fome na África, esquecem-se de olhar em baixo das marquises afrontando seus narizes empinados, e seus discursos politicamente incorretos. Enquanto lá a fome se agrava, aqui é um, entre milhares de casos, e então olho para minhas calças de grande valor e penso, quantas pessoas poderia eu, alimentar? Aquele simples pedaço de jeans, superfaturado por uma etiqueta agrupada em minha cintura, faz-me ser somente mais uma entre a multidão, aquela ao qual recusa-se a ter uma ampla visão da crise e desigualdade mundial que nos cerca. Entre milhares de hotéis luxuosos que frequentamos, olhamos para o café matinal com grande gana, não por menos, são roscas, pudim fresco, pães e geleias de todos os tipos. Ao final de mais uma manha, aquele pudim, que fora tocado somente uma vez, dele retirado somente uma pequena fatia de sua imensa proporção, é jogado ao lixo, sendo terminantemente proibido funcionários se apossarem desse bem "maior", e deliciarem suas crianças, ao fim de mais um dia de expediente. Em minha cabeça imatura paira um pensamento de igualdade, e o porque de tanto alimento jogado fora, e tantos sem se alimentar? Comida? Tem para todos, desperdício, para poucos, e o relapso humano sequer detém milhares de mortes diárias, estampadas em jornais, infelizmente só africanos!

sexta-feira, 21 de março de 2008

Meus olhos reluziam seu corpo nu, de certa forma, estaria eu, procurando algo perdido nele? Minha cabeça relaxada em seu corpo ainda sob efeito dos espasmos finais, acharia eu estar sob solo paterno? Porque realmente, ultimamente tenho sentido falta do leite materno, e da ilusão que encobrira minha vida antigamente. Fato consumado, a carcaça é jogada fora, nunca reutilizada, também, quem ia querer um corpo intoxicado? Uma alma benevolente, entre pensamentos ausentes. Queria poder me prender no sadio, não no sádico, queria poder amar a vida, como amo cercar a morte, queria poder não fumar, mais insisto, nunca me peça para parar! Os meus desleixos, vivo saindo pelo avesso, e chorando pelo passageiro! Mais diga-me?Aguentaria o ruim, se não soubesses que seria algo momentâneo, o ruim é suportável, só quando tem seus dias contados, só quando suportado, nunca serás demorado, pois o corpo não aguentará e a vida cessará!