terça-feira, 24 de junho de 2008

Inundada

Estou entediada, e não há entorpecentes nem ruelas onde enfiar-me. Hoje assistindo ao ópio diário, pego-me em uma cena da novela das 9, ao qual a mocinha arrasada, ao tentar pelo seu amado ser consolada, acomete a ele um breve NÃO. Na verdade sinto-me confortável na submersa solidão, nela procuro a busca de minha redenção e encorajo minha então extinta anarquia a contaminar o ambiente, pois sei, que o máximo ao qual ela atingirá são alguns móveis e o saudoso Elvis preso a um pôster cobrindo a porta que me separa do mundano mesquinho ao qual vivo e sustento-me. Então enfim suspendo aquele show ensaiado durante minha vida inteira, e deixo cair a máscara que encobrirá minhas olheiras e minha face abatida e cansada demais para réplicas e possíveis divagações. Sim, ultimamente estou aversa a pessoas, classes proletárias e também todas as mais, para mim desnecessárias.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A Boca da Noite

A boca da noite me pegara, e agora persegue um ente querido. A obscuridade interna presente em minhas entranhas, inebriou-se para o campo exterior, atingindo assim a pessoa que menos queria eu prejudicar. O escuro da noite é perigoso, peregrino, e perverso ao seu modo encantador. Minha sensibilidade e auto flagelação, elevou-me a etérea potencia, a minha imagem primitiva, refletiu-se então em minha imagem instantânea, em minha miraculosa epifania, eis aqui uma pobre mendiga, pedindo a uma força maior alguma redenção. E quando se trata de genes amplamente ligados, a chance do remetente nunca é tão remota ao ser exposto. Então eu peço, se existe algo além, faça com que a auto- destrutividade dentro dele haja desdém.

sábado, 14 de junho de 2008

Diário da Redenção; part. 1.

Diga-me agora porque meus sonhos não são corretos, porque meus pulsos continuam abertos, e o porque de tudo isso parecer-me tão distante, tão infame. Essa noite quero esquecer meus problemas, viajar na surdina, na absorção, em alguma suave canção. Quero ser zumbi, vampiro da escuridão, extirpar teu sangue com absoluta descrição. Encontro-me na interrogação, e a lágrima brota-se em minha face, uma mágica, amalgama solitária, brilha sobre o final da colina, adorável menina, és tua antipatia, teu jeito de mover-se, de perambular, na tumba já está na hora de entrar. Ela sente falta de fumar, tragar, suas lágrimas já não caem de seu triste olhar, o que está acontecendo, a pequena menina não saberia explicar, de cima via todos chorarem em sua presença, sentia sua incrível ausência mesmo presente estando naquele ambiente, e nada parecia a confortar, ela só queria sua mãe abraçar, seu pai beijar e o choro compulsivo de seu irmão cessar. Ninguém a ouvia, ninguém a queria, e como sempre solitária foi-se deitar, molhando seu travesseiro, soluçando sob o cocheiro e procurando a explicação das infindáveis noites de transpiração que antes não faziam parte do monte que carregava consigo em sua mão

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Zumbivanna

Uma coisa de cada vez, mais sempre tudo ao mesmo tempo. Bem que tento, mais a totalidade é minha particularidade, brota entre minhas entranhas. Quero e exijo tudo para ontem, então, como em um passe de mágica, o hoje escorrega as minhas mãos. Estou entre um colapso nervoso e o sono arrebatadoramente toma conta de meu corpo, a ponto de extenuar minha visão. Perda de reflexos, lentidão dos sentidos, tragando o inimaginável sigo eu compulsiva, descontrolada. Coloco fones de ouvido e enfim mergulho em meu mundo solitário, onde as regras são impostas somente por mim, e ninguém ali consegue penetrar. Ah!, o velho e bom rock´n´roll inebriando as ruelas por onde desfilam enredos, aonde destilam venenos. Fecho meus olhos e sinto-me a um fio da cadência, leve, imoral decência. Corro em busca da incessante anarquia e reluto contra o comodismo, a sombra do preguiçoso que se esguia. Giovanna tornou-se sinônimo de cafeína, cama e banho de água fria.

Nirvana

Depois de muito tempo estou voltando a sobriedade que escapara as minhas mãos, entre tragos e tardes intediantes busco a inteligência fora dos entorpecentes diários que estavam deixando-me euforicamente descontrolada. A bipolaridade bate a minha porta e não entendo como pessoas podem acha-la atraente a ponto de proclamarem-a como a doença dos sábios. Papai sempre ovacionou Van Gogh pela sua arte exímia e impetuosa, além disso eu sempre lembrava-o de que o mesmo comia cocô e então com um ar despretensioso e totalmente debochado, o senhor Assef dizia: Giovanna, minha querida filha, devemos nós absorver a genialidade de suas obras ou o ato infame de ingerir cocô? Perco-me em labirintos suntuosos e extenuantes, procuro respostas em perguntas, isso nunca me levara a nada, e sempre insistindo eu estava. Sinto que é hora de amadurecimento, preciso de ajuda, ajuda interior, porque todas as cartas do baralho já se esgotaram, e todas as amadas pessoas, demais já se importaram. Tenho que assumir esse lado sombrio que meu cerne contém, e não deixa-lo a totalidade. Ó forças do além, ajudem-me a atingir o nirvana sem os artifícios que dentre ele contém.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Amor

O amor pode estar ao teu lado, o amor pode estar trancado em algum armário,
nascemos já procurando o “algo” maior do que os mesmos, crescemos acreditando na fé, e o pecado então se pois sobre a dúvida, do que realmente você és. É como se você corresse em um bosque distante naquele sonho, e nunca nesse sonho poderas somente conter o bosque, e sim algo para achar-se dentro deste. É como se o abstrato tornasse-se diferente. É como se o amor maior transbordasse por dentre as córneas, e esse maior não coubesses adentrar, sufocasse minha alma, e pois-se sem sentido então assim. Deveras algo fazer? Juro, não sei como poderei conter. Não consegues mais censurar-me, o lápis em meus olhos já borrastes, e não cessaste a lágrima fluente, caindo sobre meu rosto ausente, puderas assim viver, somos algo que devemos crer.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Novo quarto, novo escuro.

Não aguento mais minha nova cidade, meu novo bairro e minha nova vidinha de merda. Incrível como damos valor as coisas pequenas, quando a pequenitude nos foge a mão. Estou sentada entre milhares de pessoas e somente agora posso dizer que sim, sou totalmente vulnerável a horários impostos por alheios, e minha paranóia por pés limpos, bem, estou tentando me tratar, nada nunca será fácil de se curar. Então compulsivamente procuro por algum doce pela casa, e gasto meu resto de dinheiro em pretzels para saciar minha insaciável vontade por glicose. Pulo de um ônibus para outro, estou aprendendo rápido o itinerário dos transportes públicos. Idosos sentam-se ao meu lado e gentilmente cedo meu lugar ao mais sábio, um espelho imaginário põe-se em minha frente, e imagino se chegarei aquela idade com paciência para suportar motoristas fraudulentos e estranhos empoleirados a chacoalhar, nesse momento tenho a absoluta certeza de que serei uma velha ranzinza, acabada, e torturada pelos erros que sei, tenho plena consciência que poderia evitar, mais enfim, se dizem que gosto é que nem c*, e cada um tem o seu, gosto de me perfurar. Café, cigarro, dormir, acordar, dormir, fumar, tomar café, meu livro enfim acabei de ler. Tenho que me segurar, pois quando entro em lojas de departamento, pareço um vulcão, e papai não irá gostar nada disso. Enfim, sei que substituo uma coisa, totalmente pela oposta, e procuro óbvias propostas, mais em meu novo quarto, naquele novo escuro que já estara se tornando familiar, repito ofegante, Giovanna tenha calma, pois um dia enfim tudo cessará.