sábado, 22 de março de 2008

enFOrME

É massacrador e atordoante pensar que nos tempos atuais, ainda existem pessoas passando fome e frio. Não precisamos ir longe, enquanto brasileiros se preocupam ferozmente com a causa da fome na África, esquecem-se de olhar em baixo das marquises afrontando seus narizes empinados, e seus discursos politicamente incorretos. Enquanto lá a fome se agrava, aqui é um, entre milhares de casos, e então olho para minhas calças de grande valor e penso, quantas pessoas poderia eu, alimentar? Aquele simples pedaço de jeans, superfaturado por uma etiqueta agrupada em minha cintura, faz-me ser somente mais uma entre a multidão, aquela ao qual recusa-se a ter uma ampla visão da crise e desigualdade mundial que nos cerca. Entre milhares de hotéis luxuosos que frequentamos, olhamos para o café matinal com grande gana, não por menos, são roscas, pudim fresco, pães e geleias de todos os tipos. Ao final de mais uma manha, aquele pudim, que fora tocado somente uma vez, dele retirado somente uma pequena fatia de sua imensa proporção, é jogado ao lixo, sendo terminantemente proibido funcionários se apossarem desse bem "maior", e deliciarem suas crianças, ao fim de mais um dia de expediente. Em minha cabeça imatura paira um pensamento de igualdade, e o porque de tanto alimento jogado fora, e tantos sem se alimentar? Comida? Tem para todos, desperdício, para poucos, e o relapso humano sequer detém milhares de mortes diárias, estampadas em jornais, infelizmente só africanos!

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