Antigamente quando ainda no colegial, tínhamos as aulas intituladas P.I.B., não sei bem do que se tratava a sigla, mais basicamente eram aulas de bordado em toalhinhas de toalete, culinária, e é claro manicura. Éramos jovens, umas tirando a cutícula das outras, e a limpeza da louça era encarregada cada aula a uma distinta aluna.
Então como boas meninas que éramos nos concentrávamos em nossos bordados enquanto os meninos estavam trancafiados em salas de computadores tendo aulas de informática. Ó vida cruel, eles repetiam em uníssono. É incrível como as escolas de hoje em dia não se preocupam com esse tipo de aprendizagem, somatizamos robôs recém-formados e quando encontramos velhos companheiros da época colegial pelas calçadas da vida, nem sempre as notícias são um tanto boas.
Louise era a amiga perfeita de todos, ela era quem tirava as melhores notas, era ela também quem cuidava da moral e dos bons costumes da garotada, e além do mais, lembro-me como se fosse hoje, de um choro escandaloso quando brincando todos resolveram “batizar” o novo All Star da mesma. Vocês sabem, o batismo consistia em todos darem uma leve pisadinha naquele tênis recém comprado do amigo. Enfim, a amiga para nenhuma mãe colocar defeito, e como me lembro de minha mãe diversas vezes se perguntando o porquê de eu não ser amiga de meninas como Louise.
Há alguns dias atrás estava em meu banho de sol, e soube por intermédio de uma amiga em comum que Louise, aquela mesma Louise chorosa e disciplinada fora fazer intercambio para o México ligando assim para sua mãe informando-a de sua suposta gravidez. Fiquei boquiaberta e estatelada ao chão, naquele exato momento me veio à cabeça tudo o que já acontecera em minha vida, incluindo a fase pela qual Louise fizera parte, houve um retrocesso, e bom, o que posso dizer é que me sinto agraciada por coisas assim ainda não terem acontecido comigo.
Fato que a vida é cruel com todos, não exclui ninguém de suas exultantes regalias e seus tórridos baixos, alguns recebem o tal “tapa na cara” logo cedo e são obrigados a amadurecer e a criar suas raízes unimultiplicitárias logo no cerne da inocência. Acredito e falo em alto e bom som que sou apenas uma boa sortuda, que passou e provocou poucas e boas e ainda continua de pé. Penso, que de tantos porres, barbitúricos e bocas macilentas as quais me sujeitei, me safei de muitas enrascadas, e apesar de tudo já ter passado, Louise serve como um bom exemplo para todos nós, inclusive a mim mesma, a etilista revoltada sem causa do papai e mamãe que sempre se denominou auto-invencível e suficientemente forte para tudo e todos. Afinal o mundo anda uma piração geral, e amadurecer sem feias cicatrizes não é mais questão de mérito e sim de privilégio.
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