domingo, 15 de fevereiro de 2009

Amanha

Amanha estarei de volta a realidade a qual fugi.
Amanha dormirei sozinha, não terei minha cama com lençóis estendidos, esbranquiçados e cheirosos a me esperar, também não mais terei o leite maternal entregue no acalento da matina, nem meu irmão no quarto ao lado. O que dirá de meus artifícios amenizadores de minha impaciência quanto a insónia. Amanha pretendo começar uma nova vida, apagar de vez possíveis chances existentes somente em minha cabeça sobre meu passado. Seguir em frente sem tragos em cervejas alheias e escolhas alternativas, sem amores, dessabores e muitas cobiças, amanha eu espero somente suportar a nostalgia. O fato é que estarei de volta e mais cedo ou mais tarde teria de suportar essas lembranças que me assombraram durante minhas férias inteiras e intermináveis. A cidade a qual um mês atrás era motivo de cobiça, tornara-se então um motivo de desgosto, de apavoramento, de sentimento de solidão.
Porque estar sozinha não é tão difícil quanto parece, é somente estar entre muitos e não se concentrar em ninguém, é permanecer naquele mesmo estado, estando você ao meio de uma multidão ou trancada no seu quarto escuro sozinha. É saber que todos estarão ali, mais não para a sua recepção, e sim, somente vivendo o cotidiano ao qual você não faz mais parte.

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