segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Giovanna Carey"

Lembro-me bem de quando era pequenina, eu pedira insistentemente para descer, uma festinha dos amiguinhos do prédio, e eu não entendia o porque você insistira em dizer não, mais mesmo assim acabava me arrumando e me deixando até um certo horário a vontade. E eu me lembro que meu sonho de consumo era um cd da Mariah Carey, e que eu a ouvia e sonhava que aquela voz saíra de mim, que alguma coisa muito bonita poderia sair de dentro de minhas entranhas, de minha clausura, de minhas emoções. Lembro-me da incrível insegurança, das mentiras e do meu segredo fatal, minha idade. Então com a ajuda de minha prima, colocava um vestido colado, meus cabelos, mexas soltas e algumas presas, e um leve baton para me fazer de "gente grande". Porque eu mentia, e quando resolvi mais uma etapa pular, virar mais e mais gente grande, me deparei com um menino na escuridão, ele chegou perto de meu rosto tirando mexas soltas de minha face assustada, olhou meu sorriso amarelo, aquele breve sorriso metálico e em uma tentativa frustrada quase arrancou um beijo, que fora percebido há tempo pelo porteiro do prédio e interrompido por uma dolorosa mordida que dei em
seus lábios! Porque não sabia beijar, porque não sabia em saltos me equilibrar, e isso me machucava tanto quanto me machuca sabe-los manusear hoje. E quando me chamavam para dançar "Can't Take That Away", eu me sentia importante, mais do que realmente eu era naquele momento para aquela pessoa. O importante era ser importante,o importante era ter 15 anos aos 13! E como as coisas importantes se tornam banais ao tempo que nos resta, ao tempo que nos acrescenta. E como os valores se dissipam, se esmagam entre si, e se discriminam através de fatos corriqueiros e insuficientes do dia-a-dia! Porque hoje queria poder me sentir realizada somente ouvindo can't take that away, e não idealizada por somente saber o que é ser! Porque a única coisa que tenho, sou eu mesma, são minhas sicatrizes e lembranças, meus choros calados e minhas mentiras mal contadas, meu amor pela Mariah Carey em minha infancia, mesmo ela sendo ridiculamente uó nos tempos atuais! É como diz a música "They can try...... But they can´t take that away from me!

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